Condições de trabalho nas fábricas


Durante a Primeira Revolução Industrial, os operários enfrentavam jornadas exaustivas de 12 a 16 horas diárias, seis dias por semana, sem intervalos regulares para refeições ou descanso. As fábricas eram construídas de forma a maximizar o espaço e a produção, mas sem consideração pela ventilação; a combinação de calor intenso gerado pelas máquinas a vapor, a poeira de algodão e o carvão resultava em ambientes sufocantes e insalubres. A iluminação precária, muitas vezes restrita a velas ou janelas pequenas, aumentava o risco de acidentes, já que trabalhadores podiam ficar parcialmente invisíveis aos supervisores e às partes móveis das máquinas.Além disso, o ruído constante das máquinas e das correias de transmissão causava perda auditiva gradual e estresse crônico. A falta de proteções adequadas nas engrenagens expunha os operários a amputações e fraturas graves; relatórios oficiais do Parlamento britânico de 1832 documentaram múltiplos casos de membros amputados por falta de grades em máquinas.Os salários, embora superiores aos do campo, eram baixos e frequentemente pagos conforme a produção, o que estimulava ritmos de trabalho ainda mais intensos e riscos adicionais. A medicina ocupacional e os serviços de assistência social eram inexistentes, de modo que muitos trabalhadores viviam com sequelas permanentes decorrentes de acidentes ou doenças respiratórias, como bronquite crônica e tuberculose. A combinação desses fatores criava um ambiente de exploração e alto turnover, pois muitos não sobreviviam fisicamente a mais de alguns anos de trabalho contínuo.
Trabalho infantil e feminino
O uso de mão de obra infantil era onipresente, com crianças de 5 a 9 anos trabalhando até 16 horas por dia em teares, moinhos e minas, em troca de salários que chegavam a apenas 10–20% da remuneração masculina adulta. As crianças eram consideradas úteis para alcançar locais estreitos entre máquinas e carris de carvão, mas pagavam um preço alto em saúde e segurança; quedas, esmagamentos e inalação de poeira de carvão provocavam deformidades e doenças respiratórias crônicas já na adolescência.Muitas delas não tinham acesso à educação formal e, quando saíam do trabalho, viam-se obrigadas a complementar a renda familiar com trabalhos informais ou subempregos. A Lei das Fábricas de 1833 limitou a jornada de crianças entre 9 e 13 anos a oito horas diárias e proibiu o trabalho noturno, mas inspetores eram poucos e a fiscalização era frequentemente contornada pelos proprietários de fábricas.Além disso, meninas e mulheres jovens eram submetidas a tarefas que envolviam manuseio de fibras químicas e substâncias cáusticas, causando irritações de pele e problemas de visão; recebiam, em média, um terço do salário dos homens, mesmo trabalhando as mesmas horas e sofrendo riscos semelhantes.Os primeiros movimentos de protesto por melhores condições se concentraram no fim do século XIX, mas só no século XX é que o trabalho infantil foi praticamente abolido nos países industrializados, após intensas campanhas de reformadores sociais e a criação de convenções internacionais.